CONVERSA AO PÉ DO OUVIDO

Após dois anos voltei a dar aulas para graduação em Administração de Empresas e constatei que a única coisa que aumentou foi a quantidade de alunos com fones de ouvido.
Os ouvidos que outrora captavam as mensagens dos professores e as conversas paralelas no fundo da classe hoje escutam músicas sem letras e com melodias discutíveis. Esta opção reduz a capacidade de interlocução nas salas de aula e fora delas e amplia a utilização de mensagens eletrônicas.

Com a devida vênia dos conectados, vejo este fenômeno com um grande mal. Sou do tempo em que sentávamos nas calçadas, nos bares e nos bancos da praça para atualizarmos o papo. Hoje isto é feito via e-mail, mensagens de telefones celulares e outras mídias sociais. O modelo anterior agrupava as pessoas, o modelo atual afasta os interlocutores.

Nos dias atuais é impossível revermos as cenas da música “Gente Humilde”, no entanto defendo a tese que há possibilidade de não abandonarmos de vez o velho e bom papo. Justificam os moradores de grandes centros que a violência urbana impede as reuniões informais e muitos moradores das cidades menores torçam a oportunidade das conversas de vizinhos pelas novelas e outras atrações da TV.
Não tenho dúvida que ao deixarmos de exercitar o diálogo e priorizarmos a comunicação eletrônica trocamos o convívio harmônico e coletivo pelo isolamento pleno, mesmo com a presença dos amigos do “facebook”, dos seguidores do “twitter” e outros grupos.

Como eram puros e românticos os bilhetinhos para colegas, durante as aulas. O texto era cunhado pelo coração e tinha o gosto das palavras. As mensagens de hoje são mecânicas. As gerações conectadas são apressadas em tudo, um segundo para ela é uma eternidade. Sentar para conversar nunca.

Ao terminar esta crônica descobri que será publicada num blog. E agora?

Parabéns a Fernanda (foto) e Gustavo

Ontem à noite, na Igreja de Nossa Senhora das Dores em Apipucos, no Recife, Fernanda e Gustavo concretizaram o seu sonho mais 'sonhado', mudaram de estado civil. Fernanda é filha do querido casal Fernando Pires e Marluce.

A partir de agora, para eles, não mais existe "minha" vida, "minha" casa, "meu" carro, "minha" escolha; desde já será: "nossa" vida, "nossa" casa, "nosso" carro, "nossa" escolha, "nosso"..."nossa"...

Essa troca do "MEU" pelo "NOSSO" exige renúncia, perdão, diálogo, responsabilidade, respeito e outros atributos próprios de duas pessoas que assumem dividir entre si seus projetos, suas dores, suas alegrias e tristezas, seus sucessos e fracassos.

Entre vocês, Fernandinha e Gustavo, a primeira pessoa do singular 'EU' tem que ceder espaço para a primeira do plural "NÓS". A gente corre o risco de pensar que, depois do casamento, a fase da conquista acabou, mas pensando bem, agora é que ela precisa ser revigorada, vocês podem descobrir a fórmula mágica de, cada vez mais, conquistarem um ao outro.

Não permitam que a rotina e/ou a desconfiança estraguem o projeto que vocês arquitetaram com tanto zelo. Se você, Fernandinha, tomar seus pais como exemplo, com certeza, você e seu esposo serão um casal de pé no chão e passos firmes.

Desejo a vocês toda a felicidade, observando o ritual do casamento que diz: "prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da 'nossa' vida".

Que Deus os abençoe e os ajude a cumprir esse juramento que fizeram ontem à noite, diante dos familiares, amigos e, principalmente, diante do próprio Deus.

Carinhosamente. Elvira